Miguel Távora esteve em Portugal para um estágio e uma conferência na Sociedade Hípica Portuguesa (SHP), em Lisboa, que contou com o apoio da Revista EQUITAÇÃO.
Considerado um dos melhores alunos do Mestre Nuno Oliveira, por sua sugestão, partiu em 1982 para Austrália, país onde está até hoje e onde trabalha como instrutor Especializado em Dressage. Voltar a Portugal, apenas para fins lectivos e para visitar amigos.
A EQUITAÇÃO esteve à conversa com ele.
EQUITAÇÃO Como correu o estágio na SHP?
MIGUEL TÁVORA - Correu bem. Tivemos cerca de 12 cavaleiros por jornada. Só dois dias é sempre curto, mas parece-me que consegui transmitir as minhas ideias e a forma como os presentes deviam trabalhar. Todos os participantes estão no bom caminho e não foi difícil ajudar.
Traziam muitas dúvidas?
Sim, mas vinham muito abertos e ouvir os meus ensinamentos.
Outro dos motivos da sua presença em Portugal foi a conferência “A Equitação Clássica e a Competição”. Para quem não esteve presente, em que traços resume a sua opinião sobre este tema?
Ultimamente têm havido grandes discussões entre a Equitação Clássica e a Equitação de Competição, nomeadamente, se se contradizem, se a Equitação de Competição está a destruir a Clássica, ou vice-versa. A minha ideia é que só há uma Equitação, que é a Equitação boa. Por Equitação boa, entendo a Equitação Clássica, e que esta, deve ser aplicada com mais precisão à área competitiva. Temos que educar juízes, cavaleiros, treinadores, para que todos a pratiquem da mesma forma e partilhem objectivos.
Está-se a ir no bom caminho?
Penso que sim, mas vai demorar o seu tempo.
Gosta mais de realizar a parte prática dos estágios ou as conferências?
Gosto muito mais da prática! Estou bastante mais à vontade no picadeiro a ensinar, a montar cavalos, do que em momentos como este, à frentes destas pessoas todas!
A equitação é uma arte, uma ciência e um desporto. É mais simples demonstrar algo com um cavalo, ao momento, do que só por palavras e em teoria.
Fale-nos um pouco sobre a sua ligação ao Mestre Nuno Oliveira, com quem privou na sua vida.
O Mestre Nuno Oliveira foi quem me pôs a cavalo pela primeira vez, me deu as primeiras lições, me ensinou os princípios básicos da Equitação e um ideal de Ensino.
Fui evoluindo, até porque sempre estive mais direccionado para a Equitação de Competição. O Mestre nunca me contrariou ou ensinou nada que fosse contra essa área, antes pelo contrário. Aplicando os princípios correctos, é possível competir bem. Ajudou-me imenso.
Há muito tempo na Austrália. Como surgiu essa oportunidade?
Já estou há 26 anos. Saí do Exército e nessa altura era difícil fazer-se a “vida de cavalo” em Portugal. Pedi ao Mestre Nuno para me aconselhar e ele sugeriu-me a Austrália e foi assim que decidi partir.
Não pensa voltar a Portugal?
Agora não. Pretendo voltar sim, para estágios e visitas. É sempre agradável voltar à casa mãe, mas a minha vida está organizada na Austrália. A minha família, propriedade, clientes, estão todos lá.
A sua família tem seguido as suas passadas, na área de equitação?
A minha mulher também monta, é uma cavaleira de Ensino Avançado. É ela que toma conta da propriedade quando estou fora, o que é muito frequente, e só assim é possível, eu manter esta vida de cigano! (risos) Ando muito pela Austrália, vou quatro vezes por ano aos EUA, etc.
Tem acompanhado o panorama hípico português?
Sim. Graças especialmente ao Dr. Bruno Caseirão, com quem troco correspondência electrónica com frequência, estou ao corrente do que se tem passado no país, e, ao mesmo tempo, tive oportunidade de ver, agora durante o Estágio.
Temos em Portugal, cavaleiros com uma habilidade reconhecida como fantástica internacionalmente. Na minha opinião, agora deveríamos usar essa habilidade nas provas de Ensino, começar a desenvolver o Lusitano sob o ponto de vista da competição, com as qualidades necessárias para ser um cavalo competitivo. Não é algo que aconteça de um dia para o outro, mas com certeza, com o tempo, com lógica e método, vai acontecer.
Considera que futuramente, o Lusitano pode competir em Alta Competição ao lado de outras raças mais direccionadas para esta disciplina?
Competir sim, ganhar imediatamente não. Talvez no futuro. Agora temos que pensar que estamos atrasados dezenas de anos, não só na criação cavalar como na maneira de ensinar para o Ensino. Não podemos esperar milagres! Na criação, é sempre uma incerteza o que vai acontecer, o que se pode produzir. Só com a experiência se saberá.
Outro aspecto muito importante, é dar o nosso cavalo a conhecer aos juízes. Eles estão habituados a um padrão de animal, a um modelo de andamentos e de constituição morfológica diferente. Os juizes têm os olhos educados para julgar de uma determinada maneira. Para que as coisas mudem, temos que lhes mostrar o Lusitano, a fim de eles perceberem as diferenças, o que temos de bom, de mau. Só assim será possível.
Considerado um dos melhores alunos do Mestre Nuno Oliveira, por sua sugestão, partiu em 1982 para Austrália, país onde está até hoje e onde trabalha como instrutor Especializado em Dressage. Voltar a Portugal, apenas para fins lectivos e para visitar amigos.
A EQUITAÇÃO esteve à conversa com ele.
EQUITAÇÃO Como correu o estágio na SHP?
MIGUEL TÁVORA - Correu bem. Tivemos cerca de 12 cavaleiros por jornada. Só dois dias é sempre curto, mas parece-me que consegui transmitir as minhas ideias e a forma como os presentes deviam trabalhar. Todos os participantes estão no bom caminho e não foi difícil ajudar.
Traziam muitas dúvidas?
Sim, mas vinham muito abertos e ouvir os meus ensinamentos.
Outro dos motivos da sua presença em Portugal foi a conferência “A Equitação Clássica e a Competição”. Para quem não esteve presente, em que traços resume a sua opinião sobre este tema?
Ultimamente têm havido grandes discussões entre a Equitação Clássica e a Equitação de Competição, nomeadamente, se se contradizem, se a Equitação de Competição está a destruir a Clássica, ou vice-versa. A minha ideia é que só há uma Equitação, que é a Equitação boa. Por Equitação boa, entendo a Equitação Clássica, e que esta, deve ser aplicada com mais precisão à área competitiva. Temos que educar juízes, cavaleiros, treinadores, para que todos a pratiquem da mesma forma e partilhem objectivos.
Está-se a ir no bom caminho?
Penso que sim, mas vai demorar o seu tempo.
Gosta mais de realizar a parte prática dos estágios ou as conferências?
Gosto muito mais da prática! Estou bastante mais à vontade no picadeiro a ensinar, a montar cavalos, do que em momentos como este, à frentes destas pessoas todas!
A equitação é uma arte, uma ciência e um desporto. É mais simples demonstrar algo com um cavalo, ao momento, do que só por palavras e em teoria.
Fale-nos um pouco sobre a sua ligação ao Mestre Nuno Oliveira, com quem privou na sua vida.
O Mestre Nuno Oliveira foi quem me pôs a cavalo pela primeira vez, me deu as primeiras lições, me ensinou os princípios básicos da Equitação e um ideal de Ensino.
Fui evoluindo, até porque sempre estive mais direccionado para a Equitação de Competição. O Mestre nunca me contrariou ou ensinou nada que fosse contra essa área, antes pelo contrário. Aplicando os princípios correctos, é possível competir bem. Ajudou-me imenso.
Há muito tempo na Austrália. Como surgiu essa oportunidade?
Já estou há 26 anos. Saí do Exército e nessa altura era difícil fazer-se a “vida de cavalo” em Portugal. Pedi ao Mestre Nuno para me aconselhar e ele sugeriu-me a Austrália e foi assim que decidi partir.
Não pensa voltar a Portugal?
Agora não. Pretendo voltar sim, para estágios e visitas. É sempre agradável voltar à casa mãe, mas a minha vida está organizada na Austrália. A minha família, propriedade, clientes, estão todos lá.
A sua família tem seguido as suas passadas, na área de equitação?
A minha mulher também monta, é uma cavaleira de Ensino Avançado. É ela que toma conta da propriedade quando estou fora, o que é muito frequente, e só assim é possível, eu manter esta vida de cigano! (risos) Ando muito pela Austrália, vou quatro vezes por ano aos EUA, etc.
Tem acompanhado o panorama hípico português?
Sim. Graças especialmente ao Dr. Bruno Caseirão, com quem troco correspondência electrónica com frequência, estou ao corrente do que se tem passado no país, e, ao mesmo tempo, tive oportunidade de ver, agora durante o Estágio.
Temos em Portugal, cavaleiros com uma habilidade reconhecida como fantástica internacionalmente. Na minha opinião, agora deveríamos usar essa habilidade nas provas de Ensino, começar a desenvolver o Lusitano sob o ponto de vista da competição, com as qualidades necessárias para ser um cavalo competitivo. Não é algo que aconteça de um dia para o outro, mas com certeza, com o tempo, com lógica e método, vai acontecer.
Considera que futuramente, o Lusitano pode competir em Alta Competição ao lado de outras raças mais direccionadas para esta disciplina?
Competir sim, ganhar imediatamente não. Talvez no futuro. Agora temos que pensar que estamos atrasados dezenas de anos, não só na criação cavalar como na maneira de ensinar para o Ensino. Não podemos esperar milagres! Na criação, é sempre uma incerteza o que vai acontecer, o que se pode produzir. Só com a experiência se saberá.
Outro aspecto muito importante, é dar o nosso cavalo a conhecer aos juízes. Eles estão habituados a um padrão de animal, a um modelo de andamentos e de constituição morfológica diferente. Os juizes têm os olhos educados para julgar de uma determinada maneira. Para que as coisas mudem, temos que lhes mostrar o Lusitano, a fim de eles perceberem as diferenças, o que temos de bom, de mau. Só assim será possível.
Um comentário:
Opss, que grandes comentários, que esse Sr fez. Tocou em pontos essencias.
Acaso podem -me informar quais os conjuntos que estagiaram? Seria interressante observá-los agora em provas
Agurado na expectiva de ter essa resposta.
Bye Maria
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